Chá e a imigração brasileiros
Com duração de 179 minutos, gênero ficção e formato de finalização DCPA forma como os chineses influenciaram o mundo foi de forma passiva, tendo tecnologias e costumes descobertas por outras etnias, e depois desenvolvida e adaptadas pelos mesmos, e inclusive sopresandos. Como os mercadores ingleses da Era Vitoriana, que criaram a ‘cultura do chá’ (o chá da tarde) com base nos efeitos positivos na saúde, onde mudou o estilo de vida dos europeus; os monges Zen japoneses transformaram o chá em um objeto filosófico e construíram, em forma de arte, a ‘cerimônia do chá’ (Sadō). O rei de Portugal, Brasil e Algarves D. João VI trouxe os trabalhadores chineses (plantadores de chá) e a sua cultura ao Brasil no seu “projeto estratégico econômico”.
Estudiosos acham que, a Europa se interessou pelos chineses por causa do seu espírito de vender ‘Coolie’. No Brasil, os trabalhadores chineses substituíram os escravos africanos, transformando a escravidão em um regime de trabalhador livre. Em um artigo publicado pela USP descreveu os pensamentos dos imigrantes chineses na época: Yi Jin Huan Xiang (衣棉还乡, retorno à terra natal com trajes de seda, de muita riqueza e glória); Guang Zong Yao Zu (光纵耀组, honrar familiares e antepassados pelo retorno com muita riquza); Luo Ye Gui Gen (落叶归根, pessoas voltam à sua terra natal, como as folhas caem ao pé do árvore). Parte desses imigrantes permaneceram no Brasil, tendo que Luo Di Sheng Gen (落地生根, as pessoas fixam-se no lugar como se fossem sementes que caem na terra, criam raízes e fixam-se nessa terra com uma vida nova), e a política chinesa de não proteger e priorizar os imigrantes fez com que a cultura chinesa fosse gradualmente desaparecida no Ocidente.
Nos anos 70, a China abriu os portões. Em 2003, os brasileiros viram pela primeira vez os chineses com seus rabos de cavalo cortados fora no Carnaval com tematização chinesa.
Ao longo dequase 18 anos de pesquisas sobre as experiências de vida e trabalho deimigrantes chineses em diversas regiões no Brasil, deparei-me com centenas dehistórias de grupos e indivíduos esquecidas por mais de século, registradas empáginas hoje já amareladas de livros, jornais e documentos. Silenciadas dasnarrativas nacionais e devidamente escondidas nas profundezas de arquivospúblicos e privados, essas páginas e as histórias nelas contidas permaneceramem um profundo limbo da memória social, mesmo entre aqueles encarregados dezelar por ela, os historiadores.
Históriascuriosas, por vezes pitorescas, mas em sua maioria doloridas e trágicas essasnarrativas preenchem lacunas importantes da história nacional de nosso país epovo, além de contar sobre um país e um povo (aparentemente) tão distantes ediferentes quais sejam a China e os chineses.
Nasencruzilhadas da História e das histórias vividas, homens e mulheres embarcaramem jornadas insuspeitas (ao menos no que diz respeito as possibilidadesvislumbradas à época, em suas experiências cotidianas no campo do privado) etiveram de lidar com situações de complexos rearranjos das expectativas eprojetos de vida em meio a cenários bastante diversos e por vezes exóticos:luxuriantes florestas tropicais, jardins botânicos, cidades movimentadas epopulosas, colônias agrícolas em rincões perdidos e ermos, minas, pátio de fábricae prisões. As reconstruções aqui apresentadas procuram detalhar da forma maiscompleta (na medida em que as fontes permitam) os atores, suas experiências, oscenários e as tramas que se desenrolam.
Yanjun Zhang
Diretor de Documentário ‘Chá e a imigração brasileiros’
Agora, todo o dia 15 de agosto, temos um encontro marcado com o povo chinês, com a cultura chinesa. Será o dia do dragão no Brasil. Dia de contar às crianças a história, de celebrar a amizade e festejar as conquistas.
— Fausto Pinato
É notório o encanto que o Oriente exerce no Mundo do Ocidente, porém a vice-versa também é verdadeira, pois o fascínio que o ser humano tem em relação ao desconhecido e ao misterioso é natural e transcende os limites geopolíticos.
A cultura chinesa, fechada e aprimorada pela sua história milenar, apresenta aspectos complementares à cultura brasileira, que, apesar de ter meio século de história, é enriquecida pela fusão de culturas européias, africanas, muçulmanas e a própria cultura oriental. Antes do século XIII, a China que o Ocidente conhecia era apenas a Rota de Seda e consequentemente os produtos que por ela passavam e chegavam à Europa. Depois que Marco Polo voltou da China, a Europa conheceu um império que era tão poderoso quanto ela, mas com uma cultura, língua, sociedade e pensamento diferente do que ela conhecia. Neste império, o imperador é a personificação de Deus, que envia suas mensagens ao imperador através do seu mensageiro, o dragão. O interesse por este império fez com que os países da península ibérica resolvessem buscar um caminho alternativo para chegar ao Oriente. E foi assim que os porgueses descobriram o Brasil.
Para a China, Brasil é uma terra que foi descoberta “por acaso” pelos portugueses no século XV, numa viagem que Pedro Álvares Cabral faria ao Oriente. Nesta terra, há abundância de recursos naturais, como pau- brasil e pedras preciosas. Nos anos 60, o Carnaval levou uma outra imagem de alegria e festa aos chineses, e mais recentemente o Pelé, Ronaldo e Ronaldinho levaram a magia do futebol brasileiro à China. Isso é tudo que a China conhece de Brasil.
Com o avanço da tecnologia, a distância entre os dois países diminuiu e os meios de comunicação ajudaram este processo de intercâmbio. Porém, isso não diminui o fascínio do Brasil em relação à China e vice-versa, pelo contrário, só fez aumentar esta curiosidade. É exatamente este a missão do nosso Projeto de Intercâmbio Cultural Basil-China: Saciar a curiosidade dos brasileiros em relação à cultura milenar chinesa e a dos chineses em relação à cultura apaixonante brasileira, recheada de sons, movimentos e cores.
Editor de Arte da RevistaRECURSO, Linjie Xiao