Projeto de Filme “A Travessia”

Com duração de 120 minutos, gênero ficção e formato de finalização DCP.
Escrita a partir do documentário “A Travessia” de Yanjun Zhang, o filme descreve o seu processo de filmagem na região do Pantanal de 10 anos atrás. O filme será gravado quase inteiramente em ambientes a céu aberto do Pantanal brasileiro, explorando uma temática pantaneira completamente imersa ao seu redor, em um meio que será inevitavelmente destruída pelo avanço da civilização. A história conta o crescimento do respeito e da amizade entre dois homens de origens muito diferentes, e das dificuldades oriundas da perda das suas habilidades de sobrevivência conforme o avanço da industrialização e civilização forasteira.

Contexto da produção

Em 2004, em busca dos descendentes dos exploradores de ouro da América do Sul do século XVI, fotógrafo chinês Yanjun Zhang foi ao Pantanal, conhecendo pela primeira vez os pantaneiros. Com intuito de produção de um documentário, ele acompanhou durante 28 dias um boiadeiro no seu trajeto da transumância de um rebanho de cerca de 800 cabeças da Fazenda Estância até um abatedouro. Utilizando diários de campo, impressões subjetivas, gravadores, GPS, filmadoras analógica-digitais, máquinas fotográficas e mapa disponibilizados pela EMBRAPA, Yanjun Zhang foi documentando os pantaneiros, na tentativa de desvendar o estilo de vida dessas pessoas que dependiam do ritmo natural para viver. Duas pessoas de origens muito diferentes desenvolveram uma forte amizade durante esta experiência.

Personagens baseadas em figuras reais

Nelson, 53 anos, pantaneiro e boiadeiro. Fala a língua nativa e o português. Vive do trabalho de boiadeiro, gastando maior parte da renda durante o trajeto da comitiva. Gosta de beber, e tem seis mulheres espalhadas em pontos diferentes do trajeto. Prefere campos abertos por ser “mais limpo, e tem mais vista”. Muito preocupado com regras e cerimônias culturais, ele os entende como qualificação básica para um bom boiadeiro. Aos olhos do Nelson, o dever mais importante da sua vida é deixar descendentes e transmitir os valores e habilidades de boiadeiro. Os seus pertences são compostas por, além daquilo adquirido por ele, itens de herança, todos sendo objetos de uso pessoal. Estes objetos estão diretamente ligadas ao seu orgulho e relação afetiva com o mundo. É capaz de guiar-se por um caminho de maneira precisa, mesmo em regiões desconhecidos, como o reconhecimento de inundações iminentes baseado em locais que cobras dormem, a percepção da presença de certos animais através de dicas cromáticas das plantas e sonoras dos pássaros, o conhecimento de como encontrar água potável utilizando um graveto em formato de Y. Essas habilidades e outras contribuem para a chegada ao seu destino evitando o máximo de obstáculos e perigos. Não possui filhos.

Zhang (Yanjun Zhang), 41 anos, chinês, permanência brasileira indefinida. Jornalista, fotógrafo de retrato. Fuma, não bebe. Profissionalizado em pesquisas sobre as funções sociais da fotografia. Homem velho que gosta de fotografia, descobrindo histórias por trás dos retratos, para transformá-las em obras de retrato fotográfico. Valoriza acordos, antiquado, não sabe se expressar muito bem, ousado, imprudente, confiando muitas vezes no sexto sentido para decisões importantes.